TUDO NUM DIA, UM DIA DE TUDO…
Há em cada disfarce do rosto,
das mãos tapadas e buliçosas,
uma perturbada liberdade
que desce pelas horas ciosas
parindo uma nova identidade.
Há na roupagem extravagante
que nos tapa este cinzento inverno,
um tempo mistério tão sofrido
neste mundo que atravessa o inferno
pela mão de um segredo escondido.
Há rainhas, reis, plebe e até estrelas,
transposições pró registo oposto,
homens e mulheres a seu gosto
vivem no seu contrário, eles e elas,
mais nus do que no rigor de agosto.
Há um novo ser que se descobre,
no dia em que o mundo se reveste
da euforia que a tristeza encobre...
sem que alguém deva levar a mal,
porque, afinal… é só carnaval.
José António de Carvalho, 09-fevereiro-2021